Vivencio o relatado no título acima semanalmente quando me desloco para o interior de São Paulo, por aquela que é considerada uma das melhores rodovias do país.

E a culpa não é exatamente das condições da rodovia, que aliás não é das piores, embora a sinalização possa e deva ser aprimorada. Talvez possa servir como inspiração, os alertas que vemos nas estradas americanas, onde não se vê nada do tipo – use o cinto de segurança, ele protege sua vida, a linguagem é muito mais simples e direta – se não usar o cinto de segurança você será multado em 500 dólares.

Mas os problemas de segurança são ainda maiores, em primeiro lugar há um excesso de caminhões, resultado da política equivocada deste país, que privilegiou e ainda privilegia o transporte rodoviário em detrimento do ferroviário, apesar deste apresentar um baixo custo comparativo, uma maior capacidade de carga, e uma maior segurança no transporte de mercadorias devido ao menor risco de acidentes.

Mas a simples presença dos caminhões não é o problema mais grave, acontece que os motoristas desses veículos realizam ultrapassagens perigosas e muitas vezes sem qualquer sinalização, por vezes ocupando todas as faixas de rolamento da rodovia.

O comportamento desses veículos (e dos ônibus) nas saídas das praças de pedágio também deve ser mencionado. Obrigados a ocupar a faixa da direita para cruzar o pedágio, convergem rapidamente para a esquerda, após a passagem, fazendo com que os veículos menores tenham que se esquivar de ser abalroados.

Mas os sustos continuam, e apenas cruzamos o primeiro pedágio, a culpa agora é dos veículos de corrida, digo veículos de passeio. Alguns desses, principalmente aqueles com motor mais potente, apresentam um comportamento que pode ser classificado como homicida (e suicida). Forçam a passagem, ou ultrapassam por qualquer faixa de rodagem, evidentemente sem nenhuma sinalização, cuidado, ou bom senso, e quando realizam essas ultrapassagens, invariavelmente cruzam imediatamente à frente dos veículos que tentam trafegar obedecendo ao limites de velocidade, obrigando suas vítimas a realizar brecadas abruptas.

Não posso deixar de mencionar motocicletas, que beneficiadas pela política complacente do estado, não obedecem às regras de trânsito e nem as de civilidade, ultrapassando pela faixa da direita, da esquerda e não raramente por dentro da própria faixa em que o seu veículo está trafegando, tudo isso em altíssima velocidade. Vale ressaltar que as motocicletas são isentas do pagamento do pedágio, o que só incentiva a sua presença nessa rodovia para a realização de passeios em grupo ou individuais.

Isso tudo, eu observo em menos de 100 km em que transito semanalmente na rodovia, até a região de Campinas, acredito que nos trechos seguintes da rodovia, por estar mais distante dos grandes aglomerados urbanos, a situação seja menos assustadora.

A administração da rodovia fala em fiscalização eletrônica, se é que ela existe mesmo, posso testemunhar que não está sendo em absoluto efetiva, talvez um policiamento ostensivo, digamos com 1% do efetivo mobilizado para os passeios de motocicleta do presidente da república, evitaria com certeza um grande número de acidentes, porque entre confiar no bom senso e na educação dos motoristas e a necessidade de repressão, eu fico com o pensamento do Luiz Fernando Verissimo que diz que, “O trânsito é uma das provas de que não há nada menos civilizado do que a civilização”.

Decio Wertzner – Abril/2022

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